sábado, 14 de janeiro de 2012

O Prólogo de 'O Legado dos Deuses'


           No principio de todas as coisas, havia o Metalium e o Cristalium. Dois minerais, carregavam em seu interior, toda a Energia Primordial que move o tempo e o espaço. No entanto em uma época distante, onde o tempo ainda não existia, algo levou tormenta e desequilíbrio aos minerais que vagavam serenos na escuridão eterna. Então, o Metalium, enorme rocha de aspecto ferroso e coloração iridescente, atraiu para si o Cristalium, com dois quartos de sua proporção, era como uma gema translucida de diamante. A colisão foi tão violenta que tamanha explosão espalhou seus fragmentos por toda a vastidão escura.
         Onda após onda de energia se deslocava em direção ao vazio, e por vezes, tais ondas voltavam iniciando novas explosões. Não havia som, nem quem testemunhasse tal evento, entretanto, os sábios eruditos que tomaram conhecimento da história da origem, descreveram tudo como “O Cantar dos Deuses”, pois imaginaram o quão belo, imponente, divino foram aqueles primeiros momentos de criação; jogos de cores, imagens abstratas e muito mais, cujas descrições se tornam quase impossíveis. Ora, nada fora tão belo quanto a aparição da primeira matéria ao contar da Grande Explosão.
          Primeiro, um corpo esférico formado a partir de uma nuvem espessa e de temperatura demais elevada. Toda a partícula da nuvem subitamente aglutinou-se formando então o corpo celeste, que depois de feito, começou a se locomover sem direção. Uma cauda longa e prateada surgiu, e a partir dela tudo foi difundido. O universo surgiu e não havia estrelas ou sequer planetas, somente o enorme cometa prateado vagando a deriva; o tempo já se moldava, mas ainda diferente, instável e distorcido; embora os sábios eruditos, por seus estudos ousassem datar aquela época em cerca de 14.800.000.000 de anos atrás.
           Muito se passou e o universo ainda expandia, mas agora, com novos corpos celestes; estrelas, como lamparinas, milhões delas e outras centenas de milhões ainda para nascer.  Orbitando muitas das estrelas, materiais rochosos e sem forma começaram a aparecer, e eles eram embriões de planetas. Tudo era feito de matéria semelhante ao Metalium, mas do mineral, pouca coisa os planetas e as estrelas tinham; as estrelas detinham uma quantidade um pouco elevada, ainda assim nada tão exorbitante. Enquanto o Cristalium, este se perdeu pela eternidade, tendo a hipótese de alguns de seus fragmentos estarem presos no interior de algum corpo celeste.

          Surgiram, então, Nibiru e Tiamat. Em Nibiru, nada havia além de grandes oceanos, entretanto, Tiamat não demorou muito tempo para ter vida em sua superfície; nos mares, populações imensas de algas que, por conseguinte contribuiu para com o surgimento de novos organismos microscópicos, extremamente simples, que passariam a conviver em comunidade. Mas, não se limitando aos mares, a vida invadiu a terra certa vez. As regiões de costa viam-se tomadas por musgos e liquens e estes atraíram para si os microrganismos que viviam nas profundezas marinhas.
          Conta-se que Tiamat tornar-se-ia o mais rico dos planetas, pois tal fora a explosão de vida em suas camadas, se não fosse a desastrosa e terrível colisão que ocorrera em um tempo calculado em cerca de 4.900.000.000 de anos passados. Ora, veio a seu encontro, Nibiru. Das regiões mais distantes do universo, a uma tremenda velocidade cujo reduziu o gigantesco Tiamat em infinitos fragmentos – do qual alguns sábios relatam em manuscritos que enormes porções de Metalium se expuseram entre o fogo ardente e o caos; razão pela qual a vida no planeta era abundante.
          De Nibiru, somente um terço de sua massa se desprendeu, encontrando uma órbita, e esta parte, atraiu para seu campo gravitacional outra rocha com tamanho muito inferior.
          Nibiru agora estava semeado pela chuva carregada de proteínas e carga genética de Tiamat, e ao mesmo tempo, a catástrofe lançou vida sobre outro corpo que se formava, não muito distante daquela região. Conhecido pelo nome de Marte pelos contemporâneos, Heru-Tesher nascia já beneficiado e evoluiu com sucesso. Nibiru se afastou muito, até encontrar sua órbita ao redor de uma estrela marrom e lá permaneceu até o fim. Avizinhando Heru-Tesher, estava em desenvolvimento o que chamavam de Geb, ou Eridu, ou Terra. Pois, não se sabe ao certo se a Terra foi a parte que se desprendeu de Nibiru, ou senão um dos fragmentos de Tiamat – que agora era nada menos que um extenso cinturão de asteróides; porém, muitos defendem esta ultima hipótese e alegam que a Terra é irmã de Tiamat devido a dádiva concedida.
          No centro daqueles corpos, havia um gigantesco sol amarelo, do qual atraiu para sua orbita novos planetas; três deles eram formados por gases e três por rochas. O segundo maior deles, era gasoso e dotado de anéis deslumbrantes; segurava em seu redor inúmeras luas das quais uma delas se desprendeu distanciando-se do sol. Esta, os contemporâneos batizaram de Plutão, e o consideraram a partir de então, um novo planeta. 
          Por volta de 1.000.000.000 de anos atrás, Nibiru se via repleto de todo o tipo de vida. E em meio a uma selva como nenhuma outra, uma fenomenal criatura felina reinava em soberania, e seu nome era Ai-Apec. Uma gigantesca pantera de pelugem dourada e tingida por manchas negras, seu rugido era como trovão e com seus saltos subia os montes mais altos. Ai-Apec espalhou sua descendência até mesmo com espécies semelhantes e uma porção de novas proles surgiu tendo características distintas de seu ancestral. O tempo correu e o grande felino caçador já não existia mais, porém sua linhagem havia perpetuado dando origem a incontáveis descendentes que por longas eras dominaram as selvas de Nibiru.
          Ora, 900.000.000 de anos atrás, algo inovador e divino ocorreu no gigantesco planeta; um grupo poderoso de uma espécie que descendia do arrasador Ai-Apec, pôs-se de pé, tomando postura ereta, já que até então toda a criatura viva andava com mãos e pés sobre o solo. Estes adquiriram intelecto e linguagem falada. Pensavam com enorme estratégia antes de caçar e se organizavam em hierarquias.  Essas criaturas bípedes eram belas e diferentes de tudo em Nibiru, pois os pelos de seus corpos eram escassos e grandes cabeleiras saiam de suas cabeças. Os olhos eram grandes, nariz e boca finos e de aspecto delicado. Fabricavam ferramentas para seu uso e constituíam suas moradias em arvores e grutas. Viviam como nômades perambulando por todos os cantos do globo. Essas criaturas certa vez vagando sem destino depararam com um estranho semelhante, de mesma espécie, no entanto, de grande estatura e cabeleira de um preto azulado. O misterioso se mostrava amigável e de sabedoria maior que os demais; usava trajes de pele e colares de penas de aves. O estranho foi acolhido pelo grupo e devido seu conhecimento superior, um líder se tornou. O nome deste líder era Anu e o grupo de bípedes fora batizado então. Aqueles se tornaram os Anunnaki e através de Anu o conhecimento sobre a natureza começaram a buscar.
          Por 10.000 anos os Anunnaki viveram e espalharam suas aldeias por todas as partes. Conviviam pacificamente e eram dóceis.  Eram dotados de longevidade divina, embora Anu fosse o que mais vivia entre todos sem ninguém saber do segredo de tal dádiva. Ora, um grupo de exploradores retornara de terras distantes. Em grande temor e desespero contaram de estranhos ao líder. Anu os ouviu com descomunal atenção, pois sabia bem de quem estavam falando. Do outro lado do continente, próximo aos mares orientais, uma hostil tribo vivia. E de tal tribo Anu se originou. Os exploradores contaram que foram vistos, e tentaram mostrar cordialidade, da qual não funcionou. Guerreiros ferozes os perseguiram até quase os capturar, mas com astucia escaparam do pior. Anu, então, sabido de que sua antiga tribo ansiava pelo domínio, preparou os Anunnaki para uma investida violenta.
          Em Nibiru, Anu, Pai Supremo convocou seus filhos à guerra. Enlil não era o primogênito, mas liderou os exércitos e o povo. Enki era o primeiro, mas não tomou a vanguarda e guiou os Anunnaki inábeis para o confronto até as cavernas nas altas cordilheiras.
          Enlil montou os blocos e com o auxílio dos irmãos mais novos distribuiu lanças e escudos aos guerreiros. Anu do alto da colina, onde seu trono dourado assentava-se, avistou de longe o exército inimigo com o líder à frente. Nun, senhor dos Neter, pioneiros na arte da forja, cientes dos segredos da terra e do mar, engenheiros fabulosos e acima de tudo, exploradores e desbravadores ambiciosos, do oriente do mundo surgiram, pois algo de sua posse fora extraviado por seu maior traidor: Anu, o mais estimado dos Neter, porque sua brilhante sabedoria não tinha precedente.
          Os Neter tinham espadas, escudos e armaduras de metal, um metal especial chamado Prolitium. E Anu temia isso. O grande Anunnaki, apesar da infinita sabedoria, jamais imaginou que Nun ousaria desbravar os mares para reivindicar o tesouro que, segundo eles, Anu roubara.  
          As famílias estavam em desespero e muitos desacreditados, pois o Pai Supremo não os ensinou a arte da forja de guerra. Portanto, espadas de metal forte atravessaram facilmente os escudos de madeira e as fileiras dos Anunnaki caiam com rapidez. Enlil, o bravo, gritava em desespero para suas tropas não esmorecerem. Parecia em vão. Um emaranhado de seis mil guerreiros sobre um campo verdejante agora regado com sangue e lágrimas.
          Anu, por alguma razão estava frio. Parecia não ouvir os prantos e clamores de seu povo que investia toda sua fé no lendário Pai. Do alto da colina o grande Anu deu as costas aos seus filhos como um covarde abandonando a batalha. O desespero se elevou e Enlil sentiu um gelo o tomar. Nun viu o rival se retirando em enfureceu-se como ninguém naquela batalha. Enlil levou o que restou do exército até a floresta, pois havia tramado uma emboscada ao inimigo. Nun separou um pequeno contingente designado a capturar Anu, enquanto os demais invadiam a floresta para aniquilar os Anunnaki.
          Anu corria velozmente e saltava de colina em colina como seu antigo ancestral Ai-Apec. Uma das mãos estava posta debaixo do colar de penas como se estivesse empunhando algo. Algo que o dava força e velocidade. O Pai Supremo rugia. Ao contrário do que se pensava, não estava em fuga. Tinha um plano para salvar seu povo. Embora fosse necessário o sacrifício de grande parte dele. Mandou Enki, o mais intelectual Anunnaki, refugiar-se com cidadãos que possuíam dotes específicos: artesãos, agricultores, engenheiros, médicos, filósofos, músicos, historiadores, escribas e estudiosos de ciências naturais para que prosseguissem com sua cultura, caso o pior acontecesse; e os valentes e bravos guerreiros e caçadores, Anu os entregou ao genioso Enlil para conter o inimigo e dar chance de sucesso a Enki.
          Anu chegou numa caverna onde uma fina cortina de água precipitava-se em sua entrada. A caverna era gigantesca e penetrava uma descomunal montanha escarpada que os Anunnaki chamavam de Hehe. Anu saltou de cabeça no rio e nadou para o interior da caverna. Saiu das águas cristalinas e no breu surgiu uma pequena centelha dourada. Anu revelou o objeto que carregava debaixo do colar. Uma rocha... uma rocha reluzente. Um metal. Um pouco maior que seu punho, pendia em uma fina correia. Um metal muito precioso e poderoso. Dele os Neter forjaram o Prolitium, o energizador Prolitium, cujos guerreiros de Nun extraiam grande força e longevidade.
          - Você não foi capaz de forjá-lo. Porém, eu o farei, pois descobri seus mistérios e sua verdadeira natureza. Em minha posse está o maior poder do universo e eu sei como dominá-lo e torná-lo parte de mim, porque somos parte dele, seu resultado, ele é nossa semente, que deu origem a toda matéria e energia.
          Anu glorificava sua conquista, pois o que tinha em mãos era tudo o que precisava para mudar o rumo da história. Após um longo período de estudos e experiências, o Pai Supremo Anunnaki descobriu como controlar a Energia Primordial que move o universo, pois ele construiu a Têmpera. Anu descobriu os segredos do Metalium!
          Enlil resistia com enorme destreza ao exército de Nun. Por seis dias lutavam sem receberem qualquer auxílio. Enki estava refugiado nas cavernas secretas e o paradeiro de Anu ainda era um enigma. A esperança estava por um fio. Entretanto, algo inesperado aconteceu no alvorecer do sétimo dia. O fogo veio das nuvens e queimou a floresta. O trovão ecoou do rochedo onde um raio ofuscou as visões daqueles que lutavam. As chamas varreram as árvores e uma clareira abrasadora surgiu em meio às pessoas. Nun olhou ao redor e teve duvida. Todos cessaram o combate e olharam o topo da colina onde um ser dourado se postava. Uma voz foi entoada e Nun tremeu, pois a reconhecia. Soube, então, que Anu, o usurpador, havia forjado o precioso metal.
          Anu trajava partes de uma armadura e numa das mãos empunhava uma lança feita do Metalium. Ele suspendeu a arma e direcionou grande poder ao exército inimigo. Um raio mortal passava por seus corpos arrancando-lhes a vida. Nun sabia que estava incapaz naquele momento e ordenou aos Neter que recuassem. Correram em direção ao mar, embarcaram em suas naus e partiram de volta a suas terras.
          Anu reconstruiu sua tribo e sua lenda perpetuou ainda mais poderosa. O Pai Supremo passou a temer os Neter, então passou maiores conhecimentos ao seu povo: selecionou construtores e formou mineradores que deveriam servir a Enki. Os mandou explorar novas terras em busca de Metalium e iniciou um acelerado processo de progressão. A outrora tribo dos Anunnaki passou a ser estado e a primeira batalha entrou para a história e foi lembrada como a Batalha Épica do Pai.
          Mil anos se passaram e os Anunnaki já eram numerosos em seu continente. Grandes cidades brotaram da terra, edifícios de alvenaria, avenidas quilométricas, veículos de transporte terrestre, aquático, inclusive aéreo; as metrópoles eram abastecidas por gigantescas usinas que refinavam Metalium e tudo era iluminado.
          Tropas cruzaram os mares, pois Nibiru deveria ser conquistada. Enlil, general supremo, promoveu um estrondoso fratricídio no oriente e forçou o que restou dos Neter abandonar Nibiru. Os Neter não haviam avançado tanto na tecnologia quanto os Anunnaki, no entanto, haviam conquistado algo melhor: o espaço. Nun refugiou-se nas estrelas e viajou por muitos meses até seu novo lar. Um planeta menor que Nibiru, habitado por numerosas espécies selvagens, abundante de tudo, inclusive, Metalium e, mais... algo que ninguém jamais viu, pois acreditavam ser somente um mito ou provavelmente algo que se ocultava no mais profundo do universo: o Cristalium!
          Nun estava com seus olhos em chamas e seu corpo fervia de alegria, pois havia encontrado a força irmã do Metalium. Os minerais que unidos formaram o universo e a vida, agora novamente juntos, mas com um novo propósito.
          Os Neter conquistaram seu novo planeta, Heru-tesher, após muitas guerras, Nun ordenou que todos que o ascendessem raspassem as cabeças, exceto as mulheres; os Neter deveriam mudar suas vestes, criar sua própria cultura e idioma, pois nada deveria recordar Anu, O Usurpador e os Anunnaki. E quando tudo ficou em paz, calaram-se e mudaram sua filosofia. Investiram tudo que tinham em pesquisas, avançaram em tecnologia e infraestrutura, erigiram cidades colossais, com templos, estátuas, grandes pirâmides, equipamentos de defesa, e dominaram o Metalium. Mas ainda os segredos dos Cristalium eram ocultos.

          É relatado que há 200.000.000 de anos, Nun deixou de viver e passou sua herança a um de seus filhos. Ninguém havia desvendado os segredos do Cristalium, a não ser Rá, o herdeiro de Nun, e ele manteve o segredo oculto, até que tivesse o poder sobre Heru-Tesher consigo.
          Rá forjou para si a mais poderosa das armaduras. Um imponente elmo como cabeça de águia, uma máscara prateada cobria seu rosto, pois algo em seus olhos havia mudado, enormes asas douradas projetavam-se em suas costas e manoplas dotadas de garras afiadas calçavam suas mãos. O sol alimentava aquele traje como uma bateria extra e elevava seu grande poder. Rá se tornara tão poderoso que não era mais visto como um simples Neter. Estava acima desta casta. Era a criatura mais poderosa de todas, cujo um simples movimento dizimaria toda a espécie Anunnaki. O Faraó agora era tido como deus e todas as bocas passaram a chamá-lo de Nefilim, O Único.

    
          Não se sabe ao certo dos relatos a seguir nem como e quando ocorreu, todavia os eruditos estimam que a época fosse 90.000 anos após o surgimento do Nefilim onde, em Nibiru, Anu formou a ordem dos Grandes Anunnaki. E essa é a lenda de um ser perverso, que diferente dos dois líderes Anu e Nun, cujas guerras cessaram após o desenvolvimento e estabilidade dos seus, preservou dentro de si um novo ideal. Atos que traria ruína a ambas as civilizações e levaria o caos além de todos os tempos...
          Poucos dos historiadores de Nibiru tiveram suas vidas poupadas após a traição de um dos herdeiros de Anu, que se tornou Imperador e com tirania e obsessão governou os Anunnaki. Portanto, tudo que foi e será contado são textos baseados em documentos e escrituras fragmentadas resgatadas das grandes bibliotecas dos Neter e dos Anunnaki, manuscritos salvos antes que o fogo das Guerras Milenares transformasse tudo em cinzas.

          Era uma criatura de corpo esguio e enorme estatura, quase dois metros e meio, cabelos longos e escorridos, pois eram muito lisos, a cor era um preto azulado. Os olhos eram grandes, levemente puxados, de cores castanhas; tinham feitios sombrios. O rosto era nobre, com traços finos, pele branca feito marfim, mãos dotadas de longos dedos delgados... Discos largos ornavam as orelhas e um diadema com um bico apontando o chão oculta atrás da franja reta delatavam sua nobreza real. Um príncipe da linhagem de Anu, regente do império de Schwerta, um poderoso sistema composto por doze planetas cuja capital era Nibiru, o maior dentre os doze. Os Anunnaki dominaram a exploração espacial após o exílio dos Neter e com seu conhecimento na extração e manipulação da energia absorvida do Metalium, expandiram seu império para além do espaço. Os habitantes de suas colônias pertenciam a classes inferiores e menos desenvolvidas: os Anakin e os mestiços Emin.

          Quando os Anunnaki ficaram a par das dádivas que o Metalium os traria, sua história mudou definitivamente. Um metal manancial de energia inesgotável que além de abastecer suas cidades e indústrias, alimentava sua carne e intelecto. Os Anunnaki aderiram grandiosa sabedoria, uma força de dez ou mais homens fortes e uma longevidade divina, além do seu comum.
          Há muito tempo os Grandes Anunnaki, idealizaram a forja das armaduras de Metalium, para que assim garantissem sua eterna soberania sobre seu povo. Porém, como uma demonstração de cuidado e consideração pelos seus, os Grandes Anunnaki também os concederam parte deste poder. Dividiram o Metalium em quatro partes e em quatro qualidades diferentes. Deram aos Emin, a parte Prima, aos Anakin, a parte Média, aos Anunnaki, a parte Tríplice, e com os Anunnaki reais da linhagem de Anu e aos próprios Grandes Anunnaki ficou a parte Suprema de onde robustas armaduras articuladas foram forjadas.


          Dotado de um ódio inigualável, nem o severo Enlil se igualava ao inescrupuloso príncipe. O mais sombrio dentre todos da linhagem de Anu onde o próprio Pai Supremo não desconfiava que estivesse sendo vitima de um cruel golpe.
          — Serei deus! — sussurrou a criatura escondida sob as sombras de uma gruta úmida. Um gotejo cadenciado ecoava para dentro de suas profundezas negras. — Todo o universo se prostrará perante seu imperador... perante seu deus! — continuou.
          Era noite, e de onde estava, a criatura observava nos céus a imensa esfera avermelhada. Era Nibiru exibindo sua face.
          O orgulhoso Anunnaki se vangloriava por seu feito. Logo se tornaria um implacável Nefilim e seria soberano em seu império. Tinha em sua posse uma grande gema de Cristalium, o mineral irmão do Metalium, ambos unidos, tornavam a Energia Primordial mais intensa que o comum. Aquela era a fonte do poder do Nefilim. Uma armadura forjada em nível Supremo ornada com fragmentos de Cristalium tornaria qualquer criatura, um ser divino. Um deus.
         Na gruta onde se escondia o Anunnaki, havia todo um equipamento e uma variedade de complexas ferramentas próprias para a forja do Metalium, inclusive uma das Têmperas estava em sua posse.
          O Anunnaki vestiu o traje que o protegeria da radiação do mineral e aprontou-se. Dali em diante passaria dias e dias num penoso projeto. Seria exaustivo, porém, recompensador.
          — Brevemente este universo será sacudido. — murmurou observando o próprio reflexo se projetando na gema translucida do Cristalium.
          Nenhum Anunnaki de Nibiru havia tomado conhecimento de seu paradeiro. Passaram dias o procurando em vão.
          Meses se passaram até o incomum acontecer numa das luas que orbitava Nibiru. Um pequeno ponto de uma luz ofuscante surgiu repentinamente em sua face e manteve-se constante por algum tempo. Duas naves de reconhecimento moveram-se até o local, a mando de Anu, para uma investigação. Elas não regressaram e sua comunicação foi perdida. A luz havia sumido.
          Novos veículos foram designados, no entanto, quando aterrissaram no local, a equipe de resgate nada encontrou a não serem os destroços das naves anteriores. Dias se passaram, mas o enigma perdurou sem que tivesse sido desvendado.  Até um dia...

          Um novo senhor surgiu em meio aos Grandes Anunnaki certa vez. Todos conversavam num conselho quando uma voz tonitruante os interrompeu. Eles se voltaram para a porta do grande salão dourado e viram um estranho o adentrar. Um deles notou uma familiaridade naquele intruso, porém com algo fora do comum. Ninguém disse uma palavra sequer.
          — Ordenem ao império que dupliquem as refinarias de Metalium. — simplesmente ordenou o estranho. Sua voz... que voz era aquela?! Um som jamais ouvido por alguém. Era uma voz masculina e feminina ao mesmo tempo, como um homem e uma mulher falando simultaneamente e percebia-se a sutil vibração metalizada, algo muito suave e delicado. — Multipliquem a produção das armaduras. — ele prosseguiu com as ordens, o que causou grande confusão entre os Grandes Anunnaki, Anu não disse uma palavra.
          O invasor aproximou-se quando todos repararam na estranheza de sua pele. Havia certa anomalia nela, a tonalidade de sua pigmentação se alternava quase que freneticamente, num instante era branca e noutro já estava vermelha e não parava...
          Nos olhos da criatura, novos mistérios. Um azul cintilante lhes preenchia as pupilas e as íris de cores escarlates faiscavam literalmente como uma esfera de energia. Todos ficaram temerosos, pois viram que o aquele ser detinha um poder incomparável.
          O sujeito aproximou-se forçando todos a se porem de pé. Os Grandes Anunnaki observaram com os olhos arregalados a serpente branca forjada do Metalium que, enrolada no braço da criatura, projetava furiosamente um par de olhos vermelhos e radiantes. O estranho também trajava um tipo de vestimenta preta que parecia de borracha e que colava em seu corpo desenhando os detalhes da musculatura definida apesar do tipo magro. Na cintura, uma fivela grossa do mesmo material do bracelete o envolvia. O metal reluzia. Por um momento todos pensaram ser um Neter, mas o Pai Supremo sabia muito bem que não, pois o único que passava por sua mente era o filho arredio desaparecido.
     — Inti! — um deles balbuciou de repente quando o estranho parou em sua frente. Assombrosamente uma armadura começou a envolver seu corpo. Um grande susto.
          Ela desdobrava-se a partir da serpente e do cinturão e aos poucos se configurava em todas as partes de seu corpo. O som do metal tilintando e dos ruídos vibrantes tomaram conta do imenso salão dourado. O metal corria sobre a criatura, e até mesmo um par te asas se projetou com suas lamelas em forma de penas afiadas; um dos braços assemelhava um poderoso felino de cores rajadas... uma alusão ao poderoso Ai-Apec.
          Todos olharam aquilo o tomar, subir pela cabeça formando um elmo na figura de um sol. A face iluminou ofuscando a vista dos Grandes Anunnaki. Eles se prostraram espontaneamente para evitar a cegueira.
           — Isso! — disse sentindo um grandioso prazer em vê-los se prostrarem diante de si. Nos olhos havia um par de lentes grossas, mas que eram como dois holofotes acesos. Como os olhos do grande predador noturno em tempos primordiais nas grandes selvas e montanhas de Nibiru. — Sou o imperador Inti, soberano em Schwerta. — anunciou fechando o cenho assombrosamente. — Vocês se submeterão a mim de agora em diante.
          — Mas...
          — Não ousem me questionar. — disse quando um deles ameaçou contestá-lo. — Dentro de um ciclo quero as armaduras forjadas e todos os exércitos prontos. Após isso, vamos à Heru-Tesher. — finalizou com a voz sombria.
         Os Grandes Anunnaki nada disseram, pois temeram o grandioso poder que Inti havia concebido. Somente o ouviram e se apressaram para executar tais tarefas. Anu calou-se. Pela primeira vez em sua vida sentiu-se incapaz. Só tinha uma escolha: oficializar Inti como herdeiro do Império. Seus filhos, em especial Enlil, protestaram fervorosamente contra tal decisão. Mas aquela era a palavra final de Anu e era o mais sábio a fazer na ocasião, pois Schwerta estava no auge e o Pai Supremo não ariscaria uma tremenda guerra civil. Estava ciente que muitos seguiriam Inti num suposto conflito, portanto, aceitou a situação. Mas, sabia que a sombra de uma guerra assolava o Império. Por um propósito muito forte Inti ordenou a aceleração da forja das armaduras, além da decisão da expedição à Heru-Tesher. Muitos contingentes de mineradores foram lançados no espaço com a missão de colonizar novos planetas para extração de Metalium e uma equipe especial para a busca de vestígios de Cristalium, pois havia rumores que estrelas em Sothis abrigavam os cristais em pó.

    
          As faces de Heru-Tesher eram firmemente vigilantes. Heru-Tesher era a pátria dos Neter e do Nefilim. Um mundo de enormes riquezas, evoluído, por isso deixaram as grandes ambições de lado. Portanto, um dia as faces deixaram de vigiar os céus... Elas eram quatro ao todo. Quatro rostos com quilômetros de extensão, deitados sobre o solo como gigantes colossos eram dotados de grandes olhos vermelhos e extremamente ameaçadores aos estrangeiros que viam Heru-Tesher dos céus.
          Durante milênios, Heru-Tesher abrigou o maior poder do universo, o Cristalium. Mas certa vez, uma parte daquele poder fora desviado a um dos membros do império que mais o cobiçava. Após muito tempo, o usurpador ansiou por mais... E um dia, o maior exército já formado, bateu à porta dos desprevenidos Neter.
          As faces arregalaram-se num alarme estrondoso e agudo e no solo do planeta centenas de imensas comportas se abriram emergindo de dentro incontáveis e gigantescas pirâmides, a maioria de coloração branca e as demais cinzentas. As brancas, de repente, começaram a expelir um plasma de cor azulada que fora cobrindo a face redonda do planeta, formando um poderoso escudo de energia enquanto as cinzentas decolaram para o combate. As gigantescas pirâmides aladas giravam com enorme velocidade em vários eixos sem manter um padrão. Ao redor do planeta, um oceano de naves da frota inimiga já estava em condições de bombardear Heru-Tesher. E a mais feroz guerra de todos os tempos se travou.
          No absoluto silencio do espaço, apenas o emaranhado de raios e luzes coloridas no calor da violenta batalha.
          Em meio ao mar de naves e cruzadores do Império de Schwerta, uma tinha seu destaque. Uma grande e articulada serpente de metal polido, dotada de um par de enormes olhos vermelhos e um par de grandes e poderosos canhões de plasma no que era a boca da fera mecânica. Ela era veloz em seus movimentos ondulatórios e voava com agilidade entre o enxame de caças. Inti era quem a pilotava.
          A vitória de Inti estava certa. Os Neter pouco a pouco se retiravam da batalha, mas eram subjugados mesmo em sua fuga. O imperador não quis poupar ninguém. Uma quantidade quase que insignificante conseguira escapar do fogo inimigo, um deles, o Nefilim junto a sua elite. Inti se vira furioso ao perceber que seu rival fugira. Covarde! Pensou enraivecido. O expurgo se deu por fim e pela terceira vez os Anunnaki sobressaíram, mas naquela ocasião, a lesão causada nos Neter tivera maior impacto.
          Todo o recurso de Heru-Tesher fora extraído até não restar mais nada. Inti fora tão cruel que ordenou a esterilização do planeta, até se tornar inóspito e desértico, mesmo o ar mandou envenenar para evitar a proliferação da mais simples forma de vida. “Tornem estas terras inférteis e o próprio ar mortal, para que nunca mais retornem.” Ele ordenou aos Anunnaki. Tudo para garantir a ruína do Nefilim que se exilou junto a sua elite. Até mesmo Anu repudiou a ação desprezível do filho, mas nada podia falar ou seria punido com a morte.
        Agora Heru-Tesher não era nada, além de uma imensa esfera vermelha e desabitada igualmente aos outros planetas que o avizinhavam e compunham aquele sistema solar. Entretanto, um daqueles ainda sustentava uma diversidade de seres viventes e numa ocasião, Inti levou sua atenção a ele.
          — Aquele azul... o que é? — perguntou curioso pelo planeta a um de seus servos.
          — Houve uma missão àquele mundo há ciclos atrás. O senhor não se recorda? De lá veio a inspiração para nossos artesãos projetarem as armaduras. Seus desenhos foram baseados nas formas reptilianas que viveram lá havia muito tempo...
          — Pois mande que enviem expedicionários e os instrua a relatar os níveis de energia e quantidade de Metalium. Depois, nos organizaremos em colônias e montaremos assentamentos nesta nova terra.
          — Farei o que ordena, meu senhor. — o Anunnaki que o servia acatou apressando-se a escalar um grupo apto para a missão ao misterioso planeta.
          Por longos séculos nenhum grande evento havia ocorrido, mas dali em diante as coisas começavam a se mover em direções inesperadas. E vidas inusitadas sofreriam com as conseqüências de atos de quem nem sequer imaginavam existir. Ou nem mesmo possuíam raciocínio para tal imaginação. Inti enviou Enki e muitas outras famílias de Grandes Anunnaki ao planeta. Havia Metalium em abundancia e muitas outras riquezas. Havia também uma nova espécie de vida, semelhante aos primitivos Anunnaki; indivíduos promissores dos quais tomaram grande atenção do cientista Enki. Enki os acolheu, deixando em segundo plano as minas de Metalium. Montou laboratórios e executou experiências com aqueles indivíduos, misturando genes de Anunnaki, Anakin e Emin. Novos indivíduos surgiram das experiências e Enki os chamou de homens.


          A partir de então, os eventos que determinaram a ruína daqueles que se intitularam deuses. Mesmo com a distorção da história ocasionada pelo decorrer do tempo, uma linhagem de escribas perpetuou e assegurou que os verdadeiros relatos se preservassem em bibliotecas ocultas espalhadas pelo mundo. Nunca uma espécie teve tanto sucesso como os Anunnaki, embora, bastaram inescrupulosas atitudes de um dos herdeiros de Anu para por tudo por terra em eventos rápidos em proporção a toda a história. Inti achava-se sagaz como uma serpente, porém de nada sabia da mente dissimulada e ingrata dos homens e cometera seu maior erro.
          Estima-se que tudo começara há 450.000 anos, quando os terrestres viviam sob as sombras e mais de cem famílias Anunnaki vieram colonizar a Terra.
          De repente, navios brilhantes, dourados apareceram no céu. Enormes línguas de fogo iluminaram as planícies. A terra tremeu e o trovão ecoou sobre as colinas.
          Os homens viviam entre fendas de rochas, aqui ou ali, onde o acaso os juntava. De nada conheciam dos segredos da Terra, não aravam o solo e nem domesticavam os animais. Tinham aspectos deformados, imundos, os corpos eram cobertos de pelos e a silhueta curvada, andavam com as mãos apoiadas no chão. Não tinham idioma, muito menos sabiam a escrita. Caçavam com paus e pedras e comiam a carne ainda crua.
          As estranhas criaturas celestiais se mostraram em suas vestes de metal. Cabeças de serpentes, leopardos e outras bestas saiam-lhes dos ombros e das suas próprias cabeças. A face de uma delas era tomada por luz, e esta planou sobre o mar em direção a terra. Um som tonitruante saia-lhe da boca. Todos os homens saíram das sombras, curiosos para verem as criaturas, então se curvaram em sinal de reverencia aos invasores que vieram tomar posse da Terra.
          — Os deixaremos a nossa imagem, conforme a nossa semelhança. — clamou a criatura de enorme estatura e que usava armadura reluzente.
          Os homens foram geneticamente alterados pelos cientistas de Nibiru, tornaram-se mais semelhantes aos Anunnaki. Inti tornou-se o que tanto almejava, agora era deus aos olhos humanos, não apenas ele, mas todas as criaturas que apareceram na Terra, vindas do céu começaram a ser idolatrados como divindades. Aqueles que ensinavam escrita foram chamados de deuses da escrita e da sabedoria, os que lhes mostravam como trabalhar o solo e cultivar o alimento, eram os deuses da fertilidade e, cada qual caracterizado conforme o oficio passado aos homens. E Inti, era o sol, o deus maior, isso por sua face iluminada e o elmo que simbolizava o astro-rei.
          O tempo cedeu e os homens evoluíram mais. As grandes civilizações emergiram-se no oriente e ocidente. A beleza dos homens passou a seduzir muitos dos deuses, e os mesmos os tomaram para si, como cônjuges ou reles parceiros que serviam somente para saciar seus desejos e então os descartavam. Com isso, uma nova linhagem de Anakin começava a surgir, eram os gigantes; homens e mulheres fenomenais que mediam até quatro metros de altura e possuidores de descomunal força bruta. Alguns não eram tão grandes, porém, igualmente primorosos e protagonistas de feitos heróicos. No entanto estas são outras histórias que não serão relatadas aqui.

         Rá, a rapina dourada, a estrela da manhã que planava sobre os desertos do oriente em seu disco alado Aton, era o senhor de Heru-Tesher, o verdadeiro Nefilim. O Faraó estava exilado em segredo na Terra havia muito tempo, antes mesmo de Inti a colonizar. Os Neter igualmente aos Anunnaki realizavam experiências com os homens e os tornaram semelhantes os fazendo servos eficientes.
          Embora violentamente derrotado, Rá tinha poder superior. Sua armadura alimentava-se das radiações solares e acumulava energia extra, algo que o maldoso Inti desconhecia.
          A quase extinção dos Neter desencadeou dezenas de motins a ponto de muitos entrarem em conflitos entre si. O oriente, então, via-se numa descomunal turbulência. Rá selecionou os mais bravos e leais homens e os presenteou com os elementos divinos, as armaduras forjadas do Metalium. Porém, Rá mal sabia que a serpente alada que o perseguia estava, novamente, um passo a sua frente. Em segredo Inti corrompeu os orientais os voltando contra seu faraó-deus.
          Com o mundo sendo atormentado pela guerra divina, os homens viam-se em meio ao caos, e sem perceber adentrou novamente nas trevas.
          O cerco se fechou diante dos Neter e Rá. Inti, precavido, capturou o rival desta vez. A armadura do faraó-deus era dividida em sete partes das quais foram lhes arrancadas e espalhadas sobre a Terra de modo que jamais fossem encontradas novamente. Em um esquife, Inti aprisionou Rá o mantendo em estado de hibernação perpétua. Depois ordenou que erigissem uma fortaleza de pesados blocos de granito em volta para garantir sua prisão eterna. Embora com uma pequena parcela de poderes divinos nas mãos, os homens selecionados pelos deuses tomaram consciência e abriram os olhos a fim de enxergarem o mal que eram aqueles seres na Terra. Não queriam conviver com criaturas frias e egocêntricas, algo que contrariava o sentimento humano. E em maior numero os homens guerreiros arquitetaram uma grande rebelião; tomaram proveito das grandes baixas que os deuses sofreram e partiram para um combate. Inti não soube o que fazer. Temendo os homens decidiu abandonar a Terra. Inti sentiu temor pela primeira vez em sua vida, mas com razão. Rá tinha um exército numeroso e preparado, e em sua maioria homens leais ao deus.
          — Sou o forjador de meu próprio poder! EU OUSEI SILENCIAR A ESTRELA DA MANHÃ! — clamou Inti num ultimo ato desesperado de fúria. — Vocês da Terra... vocês são malditos por natureza. Destruir-se-ão antes que percebam. E por si, tentarão a regeneração, pois ninguém mais de minha espécie estará aqui para ampará-los. Merecem o sofrimento!
          Foi então que os homens da Terra em sua rebeldia o expulsaram. Os deuses foram infelizes ao tornarem deuses os homens! Esse fora o erro fatal que Inti cometera, algo que no fundo, o Pai Supremo Anu tinha sabedoria.
          Ninguém cedeu as ameaças de Inti que jurou retornar para vingar-se. Os homens, agora livres, foram sábios também em sumirem com quaisquer vestígios da passagem dos deuses pela Terra. Esconderam as armaduras e enterraram todo tipo de artefato ou ferramenta de origem celestial. A humanidade espalhou-se sobre a face do globo. E toda a história começava a despencar num abismo de esquecimento. Os fatos se converteram em mitos e as histórias se distorceram de boca em boca. Os mestiços e gigantes eram escassos e aos poucos sua sina se cumpriu. O homem já não mais passava dos cem anos de idade e a ignorância tomou espaço novamente, pois não havia quem os guiasse. Homem começou a matar homem gratuitamente, por orgulho, por terras ou por divindades que mitificaram em suas mentes, certamente fruto de histórias verdadeiras de outrora, mas modificadas ao longo dos tempos. Algumas línguas, de repente, começaram a mencionar o Elohim. Uma divindade acima de todas as outras – o curioso, é que havia rumores entre os Grandes Anunnaki sobre a existência de um ser capaz de superar o poder de um Nefilim e até mesmo manipular a energia independente do Metalium ou do Cristalium; diziam que a própria matéria estava sob seu controle e as mentes dos seres vivos. Uma lenda que circulava entre os povos de Nibiru e Schwerta, talvez até admitida por Anu, Nun e Rá; segredos ocultos de tempos antigos que remetem a origem da Energia Primordial e a origem da vida, algo que renderia uma longa história se por ocasião houvesse material suficiente para uma literatura. Embora, nosso foco agora seja a Terra e seus habitantes, já que os únicos meios para tais lendas serem desvendadas encontram-se nas mentes de Nun, morto, Rá em profunda hibernação e Anu, o há muito tempo calado, Anu.
          Senhores de seu próprio destino, os homens seguiram caminhos imprevisíveis e criaram tecnologias capazes de feitos importantes para seu progresso. Descobriram, inclusive, que não eram únicos no complexo universo, aliás, nem na própria Terra estavam sós...

          Se todos os eventos relatados até então são tidos como incertos, o que vem adiante, mesmo com grandes lacunas, são os mais precisos e fieis relatos daqueles que sobreviveram ao inferno do fim dos tempos e optaram por viverem com a esperança da criação de uma sociedade, renovada por leis únicas pregadoras de disciplina, lealdade e amor ao próximo. Idealizaram uma nova terra onde o antigo homem já não teria mais espaço. A alta tecnologia fora descartada, pois a nova sociedade viveria como na idade média, regida por reis selecionados e protegida por Guardiões idealistas e comprometidos, cujo em seus corações mantinham assinalado a todo custo, um código especial.

          Quando os tempos antigos da Terra caíram no esquecimento, uma nova Ordem oculta surgiu mantendo os terráqueos conforme seu desejo. Sua origem permanece um mistério devido lacunas na história do século XXI, mas bocas sem identidade diziam que Rá havia sido despertado, porém com seu poder enfraquecido e sem sua armadura, armou uma estratégia perversa, tão perversa quanto os feitos inescrupulosos de seu antigo rival Inti. Rá havia se tornado mais frio do que nunca e estava sozinho na Terra. Sua arma mais letal, então, era a mente superior e manipuladora dotada de sabedoria acumulada durante longas eras de sua existência. Com o plano de dominar os povos da Terra, começou pela nação mais forte em economia e forças armadas. Utilizando da forte influencia cultural que tal nação possuia, formou poderosas alianças e forjou conflitos com países menores do Oriente Médio. Após anos de negociações fracassadas e severas acusações, países rivais e de maior poder bélico interferiram. Uma estrondosa Guerra Mundial se deu inicio e Rá revelou sua face ao mundo em um momento onde tudo estava sob seu controle. A conspiração caiu por terra e após anos de guerra a humanidade entrou na real, pois enxergaram o cruel plano de Rá. Mas era tarde demais. Quando nações inimigas deixaram diferenças de lado, tomando a decisão de contra-atacar Rá, este se mostrou a um grande passo a frente e revelou seu exército de maquinas.
          Os exércitos da Aliança Humana estavam estafanados, portanto não tiveram a mínima chance contra aeronaves, blindados e colossais andróides fortemente armados. Fileiras e mais fileiras de homens e mulheres combatentes caíram por terra. Cidades inteiras ruíram e por anos a guerra se estendeu.
          Houve rumores de que outras espécies extraterrestres estavam na Terra. Espécies desconhecidas e com propósitos complexos. Diziam que homens e mulheres estavam sendo selecionados para se exilarem da Terra e serem salvos do Juízo Final. Havia também a lenda que mencionava uma estranha civilização de origem alienígena, muito antiga, supostamente de Nibiru onde trazida para a Terra refugiou-se debaixo da terra em gigantescos bolsões de ar para escapar das guerras do passado. E dentre esses mitos, um deles fez-se o mais curioso. Algumas línguas diziam que um dos irmãos de Rá, após grandes conflitos entre os seus, passou a governar o mundo subterrâneo e suas civilizações. Grandes cidades imersas nas camadas de rochas eram abastecidas pelo que restou do Metalium e um dos herdeiros de Nun tinha em sua posse uma poderosa armadura, quase tão poderosa quanto as armaduras dos Nefilim. E o mais inacreditável, nos tempos antes do fim, Osíris, um dos mais poderosos dos Neter, surgiu com seu exército e confrontou o irmão numa violenta batalha que perdurou durante meses. Mas lamentavelmente, tal história permanece um mistério. As tropas do submundo tiveram sucesso e arrasaram os contingentes mecânicos de Rá. Osíris fora de encontro ao irmão, entretanto, Rá escondia sua arma final na orbita da Terra e com um sutil comando a arma, Atom, incinerou quase a metade do planeta com uma poderosa rajada de calor.
          Os Neter desapareceram misteriosamente, não sabendo se haviam morrido ou fugido para as estrelas. Poucos homens sobreviveram e o que restou dos intraterrenos extinguiu-se rapidamente.
          As migalhas se juntaram e foi nesta ocasião que um conselho se formou e o projeto de um novo mundo foi para o papel. Quase novecentas páginas encheram-se de textos que instruíam as gerações seguintes e alertavam sobre a hostilidade dos deuses das estrelas. E mais além! As armaduras dos Anunnaki, ocultadas havia milênios, investigadores próximos a Rá tinham conhecimento do seu esconderijo, embora tenham feito um voto secreto do qual manteria esse segredo, desenharam um mapa praticamente criptografado então, para que um escolhido as encontrasse na reconstrução do mundo.
          3.000 anos se passaram e o Livro da Lei tendo o subtítulo As Crônicas do Novo Mundo com as memórias dos Juízes do Tempo passou para gerações seguintes onde uma tribo guiada por um líder havia se formado.
          Não houve paz plena naquela nova era que se emergia, pois nem todos que sobreviveram ao fim do mundo eram bons. Ao extremo norte havia Vikings; após tudo se acabar, algumas famílias que sobreviveram entraram em certo declínio mental. Conta-se que em certa ocasião, um jovem errante encontrou uma literatura numa velha ruína. Na literatura, a história medieval escandinava. O jovem interpretou aquilo que lia de tal modo que passou a comportar-se como seus antigos ancestrais. O jovem passou a cultura adiante até uma antiga tribo de costumes peculiares, renascer: os Vikings. Não eram uma ameaça, pois viviam no norte, muito distante, e seu interesse era o mar e regiões costeiras. Tinham um nomeado rei que somente queria manter seu povo protegido de perigos.
          Além dos Vikings, povos errantes e hostis perambulavam pelos desertos. Eram chamados Bárbaros; marginais agressivos e saqueadores não planejavam a vida e se juntavam com os seus ocasionalmente. Houve relatos de canibalismo por parte de viajantes que cruzaram territórios desse povo. Mas, apesar de tanto, não apresentavam grandes ameaças àqueles que andavam em grandes grupos.
          Houve aqueles que descenderam do próprio sangue de um Neter. De um Nefilim. Rá em seu intimo tomou para si uma esposa da qual a manteve em segredo absoluto. Da união, um herdeiro fora gerado. Era um mestiço, Anakin. Este sobreviveu ao grande holocausto e gerou sua prole. Eram gigantes, hostis, agressivos e ambiciosos. Por razões desconhecidas, sabiam que um grupo de homens carregava consigo um grande tesouro que lhes revelava a rota do esconderijo das antigas armaduras de seus ancestrais. Os Titãs, como eram chamados, caçaram a todo custo estes homens, até que um dia os encontraram e numa covarde emboscada conseguiram roubar parte das escrituras. Os homens tiveram sucesso numa desesperada fuga, embora muitos dos seus tenham morrido na ocasião.
          Os Titãs arrancaram-lhes uma parte incompleta do mapa, mas que sem seu complemento, a localização das armaduras se tornava absolutamente impossível. Aquilo apenas elevou a fúria e o ódio dos Titãs para com os homens e a partir de então, os gigantes declararam sua rivalidade eterna contra aquela tribo, pois se julgavam detentores dos direitos pelos elementos divinos de seus ancestrais.   

***
          Passaram-se quase 2.000 anos dos quais os projetos idealizados pelos Juízes do Tempo deixaram de ser somente um amontoado de palavras e tornaram-se prática. Tudo que foi relatado anteriormente se cumpriu. Desde então não se ouviu mais menções aos Anunnaki ou aos Neter, pois estas civilizações estavam em suas pátrias, nas estrelas, e não tinham mais quaisquer interesses na Terra, embora poucos dos sábios ainda temiam um repentino retorno daquele que prometeu revidar a humilhação sofrida nos tempos antigos, antes do fim.
          Aparentemente, Inti, havia aderido interesses que o trouxesse mais vantagens que a vingança aos terráqueos ou do contrário, já estava entre os homens espalhando o terror.

          O que há a seguir é o inicio de novos tempos na Terra onde uma civilização totalmente renovada se vê em novos conflitos, onde reinos são guarnecidos por valentes que herdaram o poder dos deuses, que através dos mapas decifrados encontraram as armaduras de Metalium e as trajaram. Os Guardiões lutaram para expulsar o mal da sociedade e mantiveram o amor. Seus rivais Titãs foram silenciados. Mas uma sombra brotou num coração jovem certa vez. Um coração que não era de Titã, Viking, muito menos de Bárbaro. Mas era maldoso como nenhum outro. Maldade que se comparava a Inti.

***

          Vou contar-lhes a história de uma nova Terra, onde o novo homem já não é mais o mesmo de antes de tudo acabar. Onde toda a legislação baseia-se num único livro.
          Poucos sobreviveram ao terror do Juízo Final, mas estes eram quem não deveriam perecer de fato. Muito sábios, concordaram em apagar da memória das próximas gerações o que acontecera, pois queriam recomeçar a vida de modo que a maldade fosse repudiada por todos. Portanto, era lei, tudo deveria ser paz. E depois de tantas viagens e batalhas com perdas terríveis, alvorecera o que todos, os homens concordaram em chamar de A Era da Paz.
         Dez reinados, dez Guardiões Supremos e um tratado de paz eterna entre todos. Embora alguns grupos remanescentes da humanidade anterior tenham renegado tal tratado, não ousaram defrontar os povos denominados Saurius que habitavam o Grande Continente.
          Três tribos de homens adotaram a rebeldia novamente: os Bárbaros, os Vikings (descenderam dos povos nórdicos que sobreviveram ao caos e sua história parte de um velho sábio que em sua juventude encontrou estranhas escrituras que contava sobre uma civilização de navegantes e desordeiros que imperou naquela região, tudo há muito tempo, muito antes do fim do mundo) e por fim, os poderosos Titãs, gigantes de quatro metros de altura, fortes, hostis e muito poderosos. Diziam serem herdeiros legítimos de um deus, o Nefilim que esta Terra dominou e destruiu. Por tal razão cobiçavam como ninguém os Saurius, pois eles tomaram um poder que, segundo os Titãs, lhes pertencia. Os gigantes os invejavam e os odiavam por terem se apossado das armaduras celestiais forjadas pelos deuses de outrora; habitavam um grande arquipélago localizado no meio do Mar de Adamastor, no hemisfério sul do mundo. Lá, permaneciam maquinando seus planos para uma invasão as terras saurias, praguejando porque era impossível tomar as armaduras dos Guardiões – eles eram muitos, milhares de nobres guerreiros trajados com os elementos divinos, então nenhum Titã, por mais forte ou grande que fosse, era páreo aos Saurius. Apenas uma intervenção divina, ou sobrenatural podia ajudá-los. Aquelas trevas que nunca deixaram de assolar os homens, e tal escuridão já não se apresentava há um bom tempo, pois ali todos estavam em paz. Certamente houve alguns conflitos, guerras de proporções pequenas, casos isolados e ocorridos havia muito tempo, coisas necessárias para a estabilização da nova sociedade; então, desde que os Saurius tomaram para si o poder, tudo se amenizou. Vez ou outra, Vikings saqueavam portos do Grande Continente, mas apenas isso, sem maiores incidentes. Até estranhos rumores surgirem. Lembranças esquecidas, ou camufladas, ou omitidas. Ninguém imaginava o que estava por vir, muito menos os métodos que as trevas usariam para abrir a porta para a entrada da temida Era do Caos, cujos senhores antigos, velhos crentes em conspirações sussurravam entre si; alguns ousavam culpar os Grandes Generais, Guardiões Supremos por ocultarem a verdade, pois diziam os velhos que eles sabiam da queda da nova humanidade, mas nada faziam para evitar, embora a verdade seja contrária. Pelo menos era o que se pensava. Mas as coisas que aconteceram naqueles dias foram tão imprevisíveis, tão absurdas que para relatá-las falta-me palavras. Mas de vagar vocês entenderão, assim como se surpreenderão com os caminhos e destinos que tudo tomará, atravessando cada detalhe do mundo e retornando às suas origens, rumo às fronteiras do universo, onde no princípio, o Metalium colidiu-se com o Cristalium e todas as coisas se fizeram. 


2 comentários:

  1. Como é difícil postar alguma coisa aqui! Muito bom, é difícil encontrar pessoas com tamanha facilidade com a escrita. As pessoas estão preocupadas demais com coisas estúpidas à ponto de não apreciar mais a literatura, principlamente nacional, hoje em dia o talento na escrita é subestimado demais.

    ResponderExcluir
  2. Olá Ingrid!

    Se tiver alguma crítica em relação a estrutura do blog, é só me falar que eu melhoro..rs

    Obrigado por postar!

    Vc tem toda razão... não sei o que está acontecendo. Há menos de 5 anos era muito mais fácil de alguém ler e comentar seus textos.. mas hoje em dia tudo está diferente.
    Eu usava muito as comunidades do orkut para trocar postagens. Nós lançavamos o texto lá e dentro de minutos alguém lia e criticava, elogiava ou dava sugestões. Mas isso mudou...
    Foi numa dessas comunidades que conheci a Simone Marques (autora) que me ajudou muito a desenvolver a escrita. Mas faz um bom tempo que não falo com ela... deve ser devido a fama que ela alcançou... me deixou muito feliz.
    Procure por Simone O. Marques, caso não a conheça... ela é ótima!

    Até mais!!

    ResponderExcluir